sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Ana Karin Dias Almeida Andrade (PR-SP) diz estar confiante quanto ao seu retorno à Prefeitura de Cruzeiro-SP, cidade do Vale do Paraíba. Durante reunião que participou em São Paulo, ontem (6 de agosto), a republicana compartilhou suas expectativas e alegou estar surpresa com a quantidade de pessoas, incluindo a classe jurídica, que têm apoiado sua volta para a cadeira da qual foi afastada pela Câmara Municipal, em 2014. Nesta quinta-feira, um artigo de opinião assinado por um jurista da região do Alto Tietê-SP sinalizou a ocorrência de possíveis erros no processo movido pelos vereadores e que, em razão dos mesmos, o afastamento da cruzeirense não deve ser mantido.


Ana Karin segue confiante:

"a Justiça vai reverter o quadro"



Declaração foi dada pela republicana na manhã de ontem (6 de agosto), ao tomar conhecimento de artigo escrito por procurador, que sinaliza possíveis erros no processo movido pela Câmara Municipal que culminou na cassação de seu mandato como prefeita de Cruzeiro-SP; análise sobre retorno à cadeira acontecerá no Supremo Tribunal Federal (STF), dentro dos próximos meses


         Ana Karin Dias Almeida Andrade (PR-SP) diz estar confiante quanto ao seu retorno à Prefeitura de Cruzeiro-SP, cidade do Vale do Paraíba. Durante reunião que participou em São Paulo, ontem (6 de agosto), a republicana compartilhou suas expectativas e alegou estar surpresa com a quantidade de pessoas, incluindo a classe jurídica, que têm apoiado sua volta para a cadeira da qual foi afastada pela Câmara Municipal, em 2014. Nesta quinta-feira, um artigo de opinião assinado por um jurista da região do Alto Tietê-SP sinalizou a possível ocorrência de erros no processo movido pelos vereadores e que, em razão dos mesmos, o afastamento da cruzeirense não deve ser mantido.



         O artigo foi publicado ontem, pelo jornal O Vale Paraibano, um dos mais tradicionais do País e mais expressivos do cone leste paulista. Graduado em Ciências Sociais Aplicadas, pelo Instituto Brasileiro de Mercados e Capitais (IBMC-RJ); especialista em Direito Tributário e em Direito Processual Tributário, pela Escola Paulista de Direito (EPD-SP); e procurador do município na Prefeitura de Ferraz de Vasconcelos-SP, Gabriel Lins de Oliveira assina o material, no qual relembra que Ana Karin foi cassada pela Casa de Leis por ter encaminhado, com atraso de alguns dias, a resposta de seis requerimentos - de um universo de 388 enviados pelo Legislativo da cidade, sendo 287 de autoria de um único parlamentar.  


         No artigo, Oliveira diz enxergar falhas em dois aspectos jurídicos do processo de afastamento da republicana. Um é o fato de o prazo estipulado para o envio das respostas ter sido veiculado pela Lei Orgânica de Cruzeiro - editada pelos próprios vereadores -, em seu artigo 67, cujo inteiro teor ainda comina a violação como Crime de Responsabilidade. Para o jurista, a Constituição da República, enquanto norma fundamental que disciplina o Estado Brasileiro, atribui à União a prerrogativa para legislar sobre matéria criminal:


         "A competência da esfera federal para legislar sobre Direito Penal está estampada no artigo 22, inciso I, da Constituição. Não existe, até hoje, lei federal que estabeleça prazo que, caso violado, faz prefeitos incidirem na norma do artigo 4, inciso III, da lei 201/67. Desta forma, tudo o que vier contramão a isso afronta o Princípio da Legalidade e da Tipicidade, que iluminam todo o ordenamento jurídico criminal. A questão acerca da incompetência do município para legislar sobre matéria penal relativa à cassação de prefeito é tão relevante que o Supremo Tribunal Federal (STF) editou Súmula Vinculante (46) sobre o tema, reduzindo a alçada tão somente à União", complementa o articulista.
         Oliveira ainda destaca que, mesmo que se levasse em consideração a demora no encaminhamento da resposta dos seis documentos, isso não seria, a priori, elemento suficientemente danoso às fileiras da Justiça:


         "A prefeita não roubou, não matou, nem atrasou a entrega de obras, nem deixou faltar medicamento em posto de saúde. Não há dúvidas que os motivos utilizados para a cassação apresentam baixa, ou nenhuma mácula ao bem jurídico tutelado por leis claras - basta ler! Assim, em minha opinião, acredito que a cassação não deva ser mantida", observa Oliveira.


         Ana Karin recebeu a notícia sobre o artigo com felicidade. Foi durante reuniões das quais participou na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) que ela falou sobre o material divulgado por O Vale. Na oportunidade, observou que, desde seu afastamento da Prefeitura de Cruzeiro (o qual traduz como imoral, ilegal e inconstitucional), tem recebido apoio, não apenas de familiares, amigos, servidores públicos e políticos, mas, também, da classe jurídica:

         "Outros dois profissionais do Direito já escreveram sobre meu caso, e com clara indignação. O doutorando e mestre em Direito de Estado Roque de Siqueira Gomes, que também é professor universitário, teve artigo publicado sobre a questão no Jus Brasil e no Diário do Grande ABC. Já o doutor Dario Reisinger, que é especialista em Direito Penal, compartilhou sua opinião no portal Associação dos Jovens Advogados e no site Vale Mantiqueira - ou seja, não sou só eu, a maior prejudicada, que enxerga tudo o que me aconteceu como um golpe. Até mesmo por isso, confio piamente na Justiça. Ela mesmo vai entender tudo o que houve e me atribuir o direito de voltar ao cargo e continuar a trabalhar por Cruzeiro", acrescenta Ana Karin.


         Banca Jurídica

    Roque de Siqueira Gomes acompanha o processo da republicana ao lado da banca jurídica que a defende e que é formada pelos advogados Roque Gomes da Silva e Clarissa Campos Bernardo, ex-juíza eleitoral de São Paulo. Manoel Gonçalves Ferreira Filho, ex-ministro da Justiça e ex-vice-governador do Estado de São Paulo, atua como parecerista do caso:


         "Acreditamos que, dentro dos próximos meses, o mérito do agravo seja julgado na cúpula do Poder Judiciário, ou seja no Guardião da Constituição, que é o STF. Seguimos confiantes", reitera Gomes.


Alberto Hoffman Sapienza <sao paulo> para Apacos